Planejar uma gravidez consiste em preparar o bolso e o corpo para conceber o “novo morador”, o que inclui optar por uma dieta alimentar mais saudável. Diversas pesquisas consideram a importância de reduzir o consumo de gordura e alimentos com baixo valor nutricional, além de privar-se do consumo de álcool e cigarro.
Um estudo da Universidade de São Paulo contraria a ideia de que somente as mulheres devem se preparar para a gestação. “Precisamos desconstruir o conceito de que o pai tem papel neutro”, diz a bióloga Camile Castilho Fontelles.
Brasileira, a estudante de pós-doutorado da Universidade de Georgetown (EUA), coordenou o estudo para investigar e entender a influência da alimentação dos pais para o planejamento gestacional e possível aparecimento de tumores nos filhos após o nascimento. Até o momento, grande parte das pesquisas na área eram relacionadas à influência das mães, pela interação direta com o feto, tanto na fecundação quanto na lactação.
Para a pesquisa, Camile e sua equipe selecionaram ratos, separando-os por grupos e alterando suas dietas. Para o primeiro grupo, foi oferecida grande quantidade de banha de porco – representando a gordura saturada – e para o segundo grupo, alimentos com doses extras de óleo de milho, ditos mais saudáveis.
O terceiro e último grupo seguiu uma dieta básica sem alteração, com a quantidade necessária para seu crescimento e desenvolvimento. “A ideia era realmente isolar a dieta do pai”, explica a cientista, que cruzou os roedores com fêmeas que não sofreram modificação alguma na rotina alimentar.
Inicialmente, a pesquisadora pensava que os dois grupos que estavam sob excesso de gordura teriam maiores chances de originar filhotes com algum tipo de câncer. Passado certo período, observou-se que apenas a prole feminina foi atingida, sendo que as do primeiro grupo tiveram maior interação tumoral e em 50 dias desenvolveram câncer de mama.
O professor Thomas Ong, orientador do projeto, acredita que embora a pesquisa tenha sido feita com animais, é possível observar que mudanças na alimentação são essenciais para homens e mulheres que tem a gravidez como plano. “Antes de engravidar, seria interessante que tanto a mulher como o homem se cuidassem mais. Hoje, esse papel fica muito mais restrito a elas”.
A descoberta, que recebeu Prêmio Tese Destaque da USP 2017 na área de Ciências Agrárias pode influenciar pesquisas com o novo enfoque. “Tanto homens como mulheres devem estar atentos aos hábitos de vida saudáveis e conscientes de que a má alimentação do presente repercute na saúde de gerações futuras”, alerta Camile.
Fonte: Revista Saúde
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